Todos nós, em algum momento da vida, já nos sentimos tristes. A tristeza faz parte das emoções básicas como a alegria, a raiva, o medo. Podemos estar tristes por um desentendimento, uma perda, uma mudança ou simplesmente sem motivo aparente.
Mas quando essa tristeza se prolonga no tempo, prejudica o nosso bem-estar e qualidade de vida, e o que outrora nos dava satisfação e prazer, começa a perder significado … surge a dúvida:
“Estarei apenas triste ou estarei com depressão?”
Neste artigo, exploramos esta distinção importante, sempre dentro do contexto português, e explicamos quando é aconselhável procurar apoio psicológico.
Tristeza: uma emoção normal e necessária
A tristeza é uma das seis emoções universais. Tal como a alegria, a raiva, o medo, tem uma função importante:
Ajuda-nos a processar perdas, frustrações ou Ajudando-nos a ressignificar a experiência.
É comum sentirmo-nos tristes após:
- O fim de uma relação;
- A morte de alguém querido;
- Um fracasso profissional ou académico;
- Um período de transição ou stress.
Nestes casos, a forma como se lida e ultrapassa a tristeza, está relacionada com fatores da própria pessoa e rede de suporte social, atividades em que está envolvida.
Por isso, é importante continuar a partilhar sentimentos e manter o desejo de estar com os outros.
A tristeza não nos rouba o sentido da vida.
E a depressão?
A depressão é uma perturbação do humor caracterizada nos manuais diagnósticos utilizados pelos profissionais de saúde mental, como o DSM-V-R a CID-11.
É mais do que estar em baixo:
É uma condição prolongada e profunda de sofrimento emocional que afecta várias áreas da vida.
Sinais de que pode não ser “só tristeza”
Eis alguns sinais de depressão que um/a psicólogo/a avalia numa primeira consulta:
- Tristeza intensa sem motivo aparente ou desproporcional ao que aconteceu;
- Sensação de vazio, desesperança ou inutilidade;
- Perda de interesse por coisas que antes davam prazer;
- Aumento ou diminuição do apetite e do sono apetite e no sono (para mais ou para menos);
- Dificuldade em concentrar-se ou em tomar decisões;
- Sensação de cansaço extremo mesmo após descansar;
- Isolamento social e afastamento afetivo;
- Pensamentos sobre a morte ou vontade de desaparecer.
Estes sintomas devem estar presentes quase todos os dias, durante pelo menos duas semanas consecutivas, e comprometer o funcionamento de vida diário (no trabalho, nas relações, na vida pessoal e social.
A linha ténue entre tristeza e depressão
É importante não fazer auto-diagnósticos precipitados, mas também não minimizar o sofrimento.
Em Portugal, ainda existe a ideia de que devemos “aguentar” ou que “tudo passa com o tempo”. No entanto, deixar arrastar os sintomas pode agravar o quadro e dificultar a recuperação.
Os psicólogos estão preparados para distinguir tristeza de depressão e para oferecer as estratégias mais eficazes para cada situação.
E se for apenas tristeza? A Psicologia também pode ajudar
Mesmo nos momentos de tristeza não clínica, o apoio psicológico pode ser muito benéfico.
Através de sessões de Psicologia é possível:
- Explorar as causas da tristeza, dar-lhe sentido e ajudar a atribuir-lhe um significado
- Aprender estratégias de regulação emocional;
- Melhorar a autoestima e a comunicação;
- Prevenir o agravamento do estado emocional.
A depressão em Portugal: um problema sério
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, estima-se que 1 em cada 5 portugueses tenha sintomas compatíveis com depressão ao longo da vida.
No entanto, muitos continuam sem pedir ajuda, por desconhecimento, vergonha ou por não saberem a quem recorrer.
Os serviços de Psicologia estão disponíveis tanto no setor público como no privado, com diferentes modelos de intervenções e a prática clínica de Psicologia está regulamentada pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e pela Entidade Reguladora de Saúde
Quando deves procurar ajuda?
Deves considerar falar com um/a psicólogo/a se:
- A tua tristeza persiste há mais de 2 a 3 de forma persistente e cada vez mais intensa;
- Começas a sentir que “nada faz sentido”;
- As tuas relações estão a sofrer com o teu estado emocional;
- Já não tens energia para lidar com as tarefas do dia a dia;
- Pensas com frequência que o mundo estaria melhor sem ti.
O que esperar numa primeira sessão?
Numa consulta de Psicologia, o/a profissional vai:
- Ouvir com empatia, sem julgar;
- Ajudar-te a identificar o que estás a sentir;
- Explicar-te, de forma clara, se os teus sintomas se enquadram ou não num quadro depressivo;
- Propor contigo um plano de intervenção personalizado.
A boa notícia: a depressão tem tratamento
Com apoio psicológico adequado — e, nalguns casos, com acompanhamento médico — a depressão é tratável.
Quanto mais cedo começares o processo, melhor será a tua recuperação.
Conclusão
Nem toda a tristeza é depressão. Mas toda a dor emocional merece atenção.
Se te questionas se estás “deprimido ou apenas triste”, esse já é um sinal de que deves falar com alguém qualificado.
A Psicologia está cá para ajudar-te a compreender o que estás a viver e a encontrar caminhos de bem-estar.
Lembra-te:
Procurar ajuda é o primeiro passo, um ato de coragem. Cuidar de ti é um direito deve ser uma prioridade.