Setembro é internacionalmente reconhecido como o mês de prevenção do suicídio. Falar sobre este tema não é fácil — envolve dor, fragilidade e a coragem de abordar situações delicadas. No entanto, é essencial quebrar o silêncio, pois só assim conseguimos promover a consciência, reduzir o estigma e incentivar quem precisa a procurar ajuda.
Neste artigo, exploramos não apenas os fatores de risco, mas sobretudo os fatores de proteção e as estratégias que podem ajudar quem se encontra em sofrimento.
O que é ideação suicida?
Os pensamentos de suicídio, ou seja, pensamentos recorrentes sobre morte e morrer, de querer terminar com a própria vida, podem afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, género e em qualquer momento. Se tem ideias de suicídio é provável que exista uma sensação de desesperança e inutilidade há algum tempo. Pode não saber o que provocou estas ideias. Habitualmente é uma combinação de fatores e pode não haver uma causa evidente. Nem sempre há uma relação direta entre a ideação e um determinado acontecimento de vida negativo (divorciar-se, ser despedido, ser diagnosticado com uma doença grave, …).Por vezes mudanças tidas como positivas, podem gerar instabilidade e ansiedade, sendo um gatilho para repensar toda a razão de viver
É natural que sinta que não há nada a fazer. Não é verdade. Não está sozinho e pode pedir ajuda.
O suicídio:
O suicídio é um fenómeno transversal. Raramente acontece de forma repentina. Muitas vezes, surge associado a períodos de luto, depressão ou desesperança
A ideação suicida, humor depressivo, perda de interesse em atividades que anteriormente eram prazerosas, isolamento, entre outros são sinais importantes.
Em relação à ideação suicida é importante perceber se há um plano conceptual para o fazer (de que forma, quando). Este sinal de alerta exige atenção e intervenção em serviço de urgência imediata.
Quais os factores de risco para suicídio?
- Ser homem;
- Ter mais de 45 anos;
- Ter pensamentos ou planos de suicídio;
- Ter acesso facilitado a meios para se magoar;
- Ter já tentado o suicídio;
- Conhecer alguém que se tenha suicidado;
- Estar isolado/não ter uma rede de suporte;
- Ter doença mental;
- Ser impulsivo/ter tendência para agir sem pensar;
- Ser viúvo, divorciado ou solteiro;
- Abuso de álcool e/ou drogas;
- Ter uma doença grave ou limitativa;
- Não ter esperança no futuro.
Fatores de proteção
Embora os riscos sejam reais, Existem fatores protetores quem passa por momentos de maior fragilidade e sofrimento:
- Rede de apoio social: Ter apoio de familiares, amigos, colegas de trabalho e outras pessoas significativas com contato regular;
- Ter sentido de responsabilidade pela família;
- Ter capacidade para resolver problemas e adaptar-se à mudança;
- Ter autoestima, planos para o futuro e satisfação com a vida;
- Ter crenças religiosas, culturais ou morais que desencorajam o suicídio;
- Ter acesso a serviços de saúde
- Exercício físico: caminhadas ao ar livre, jardinagem, e atividades em grupo como pilates, ioga, treino funcional, dança;
- Atividades prazerosas: hobbies, música, trabalhos manuais, leitura.
- Autocuidado: transformar rotinas diárias (como tomar banho ou cozinhar) em momentos de consciência e cuidado pessoal.
- Interação social: manter contacto com pessoas próximas, reduzindo a solidão e o isolamento.
Linhas de apoio em Portugal
Em Portugal, existem linhas de apoio confidenciais e gratuitas, disponíveis para quem precisa de ajuda ou simplesmente de alguém que ouça. O contacto rápido com estes serviços pode fazer toda a diferença para travar um momento crítico e salvar vidas.
Número Europeu de Emergência (112)
Se alguém está em perigo de vida, ligue imediatamente 112 e siga as indicações.
Serviço de Aconselhamento Psicológico (SNS 24)
Se tem sintomas de depressão ou tem pensamentos de suicídio, utilize o Serviço de Aconselhamento Psicológico, integrado na linha telefónica do SNS 24, através do 808 24 24 24.
Linhas de apoio
As linhas de apoio telefónico, na sua generalidade garantem o anonimato e oferecem a possibilidade de falar sobre as questões relacionadas com o suicídio com voluntários sem a pressão de uma conversa face-a-face. Falar sobre o problema ou compartilhar a dor com outra pessoa que se interessa pode ser uma grande ajuda em situações de crise.
Os voluntários estão habilitados e podem dar indicações sobre os locais especializados onde poderá dirigir-se para obter ajuda ou tratamento específico. Se está preocupado/a com outra pessoa, as linhas de apoio também podem ajudar.
SOS VOZ AMIGA- Horário:15:30 – 0:30
Contacto Telefónico:213 544 545; 912 802 669; 963 524 660
Website: sosvozamiga.org
TELEFONE DA AMIZADE -Horário:16:00 – 23:00
Contacto Telefónico:222 080 707
CONVERSA AMIGA-Horário: 15:00 – 22:00
Contacto Telefónico:808 237 327; 210 027 159
VOZ DE APOIO-Horário:21:00 – 24:00
Contacto Telefónico:225 506 070
Email: [email protected]
VOZES AMIGAS DE ESPERANÇA DE PORTUGAL-Horário:16:00 – 22:00
Contacto Telefónico: 222 030 707
*O atendimento é da responsabilidade de cada uma das linhas.
Serviço Nacional de Saúde- A partir de 10 de Setembro de 2025 irá entrar em funcionamento a nova linha nacional de prevenção do suicídio Horário: 24h
Contacto Telefónico:1411
Na internet:
-Programa Nacional para a Saúde Mental
-Sociedade Portuguesa de Suicidologia
-iFightDepression
www.ifightdepression.com/pt/start
-Organização Mundial de Saúde
www.who.int/health-topics/suicide (em inglês)
-International Association for Suicide Prevention
www.iasp.info (em inglês)
-American Association of Suicidology
suicidology.org (em inglês)
-American Foundation for Suicide Prevention
afsp.org (em inglês)
Estratégias simples e eficazes
Apesar da dificuldade inicial que a depressão ou a apatia podem trazer, pequenas ações diárias podem ser transformadoras. Música , dança, contacto humano, leitura ou simplesmente dar um passeio podem parecer pouco, mas são passos poderosos para contrariar o vazio emocional.
Mensagem final
Se está a atravessar um momento difícil, lembre-se: não está sozinho. Existe sempre solução e caminhos possíveis para ultrapassar a dor. Procurar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem e amor-próprio.